“A madeira da Lunawood me impressionou”, diz autora do 1º residencial do Brasil com selo AQUA-HQ
Haute Qualité Environnementale, ou Alta Qualidade Ambiental: é essa garantia de sustentabilidade e qualidade de vida que a certificação internacional AQUA-HQE oferece para obras da construção civil. Criada na França em 1974 e lançada no Brasil em 2008, a certificação AQUA-HQE é sinônimo de referência técnica e alto grau de exigência em projetos comprometidos com um desempenho superior. Aplicada em território brasileiro pela Fundação Vanzolini, a certificação AQUA-HQE acaba de ser concedida pela primeira vez a um empreedimento do litoral brasileiro. Localizado na Riviera de São Lourenço, em Bertioga, e criado pelo Studio Mariana Crego com o conceito de harmonia entre homem e natureza, o The Golf Village foi projetado para reduzir os impactos ambientais e dar mais qualidade de vida às pessoas.

Forro com madeira termotratada Triple Shadow Lunawood. Foto: Rafael Renzo Para obter a certificação AQUA-HQE, foi preciso que o empreendimento atendesse a 200 itens distribuídos em 14 categorias diferentes. Um processo com exigências rigorosas para assegurar o comprometimento com a natureza, incluindo: gestão de energia, sistema de economia e reutilização da água, uso de materiais ecológicos, arquitetura bioclimática, entre outros. E foi justamente devido a esse alto grau de exigência que a arquiteta Mariana Crego escolheu a certificação internacional AQUA-HQE para guiar a construção do The Golf Village – que conta com a madeira termotratada da Lunawood, uma exclusividade da Neobambu no Brasil, nas pérgolas, brises e decks de hidromassagem do empreendimento.

Forro e fachada com madeira termotratada Lunawood. Foto: Rafael Renzo Confira a seguir uma entrevista com a autora do projeto: Pergunta - O que representa para você, como autora do projeto, e para a arquitetura nacional de maneira geral, ver o lançamento de um empreendimento que atende ao alto nível de exigência da certificação internacional AQUA-HQE? Mariana Crego - Vejo como uma conquista muito grande e de enorme importância pois foi algo que criamos por uma demanda nossa, de sentir a necessidade de fazer a nossa parte tanto como cidadãos quanto como profissionais e ter mais responsabilidade ambiental e social, assim como prover mais bem-estar, transparência e qualidade atestada para nossos clientes. Cada vez mais dou preferência a empresas que agem corretamente, de maneira humana e responsável. Fico orgulhosa pelo enorme salto que demos em tão pouco tempo e feliz de ver que o projeto tem se tornado objeto de inspiração e didática, com alguns alunos de TCC que já nos procuraram para usar o projeto como estudo de caso e de clientes e profissionais da área que comentaram que não sabiam o que era sustentabilidade até ouvirem a nossa definição. Nossos projetos acabam sendo didáticos, pois mostramos toda a complexidade e amplitude que estão dentro da palavra sustentabilidade e as colocamos em prática. Ler e praticar sustentabilidade são coisas completamente diferentes.
Para a arquitetura nacional, acredito que o projeto mostra que é possível projetar beleza e funcionalidade em conjunto com a sustentabilidade - pois muitas vezes acham que são coisas separadas. Acho que é também uma chamada para o mercado em termos de exigir produtos de melhor qualidade, procedência verificada, etc., pois sentimos que boa parte dos fornecedores que procuramos não entendiam e não tinham os documentos exigidos. Nossa postura acabou deixando claro que produtos de baixa qualidade e zero controle ambiental não são mais bem-vindos. Também foi uma chamada para os clientes: normalmente o mercado muda ou por uma demanda dos clientes ou porque uma empresa resolveu estabelecer novas regras. No nosso caso, resolvemos estabelecer novas regras para que as pessoas passem a prestar atenção no que estão comprando e compreendam que, quando compram qualquer produto, compram e compactuam com a história da empresa e de tudo que consta ali, seja bom ou ruim.
P - Por que você escolheu a madeira termotratada da Lunawood, parceira da Neobambu, para este empreendimento tão singular? Ela tem sintonia com o conceito do projeto e com a certificação AQUA-HQE?
MC - Nós buscamos sempre inovar e não nos contentamos em avançar pouco, pois acreditamos que certas mudanças necessitam de uma performance mais eficiente e mais rápida e a madeira da Lunawood se enquadrava nisso. Quando liguei para a Neobambu, perguntei o que tinham de mais sustentável e de lançamento mais recente. A equipe da Neobambu e o representante da Lunawood me explicaram todas as várias certificações e processos, mostrando que não havia tratamento químico na madeira ou toxicidade, que a manutenção era muito mais simples e ecológica, o manejo era super correto... e então percebi que a Lunawood tinha níveis de rigor como os nossos e senti uma extrema necessidade de ser a primeira empresa a instalar esse material aqui no Brasil. A questão da toxicidade foi algo que particularmente me chamou a atenção pois levantei algumas pesquisas sobre como inalamos compostos voláteis extremamente tóxicos, provenientes de materiais que instalamos em nossas casas e projetos, e isso me impressionou.

Deck da hidromassagem com madeira termotratada Lunawood. Foto: Rafael Renzo P - Que tipo de sensações você acredita que a madeira natural é capaz de transmitir em um projeto voltado para a natureza?
MC - Eu acredito nos estudos que apontam a necessidade cerebral que existe no ser humano de ter uma conexão com a natureza para promover bem-estar e saúde. Fizeram testes em pacientes com janelas no hospital voltadas para natureza e janelas voltadas para cidades ou sem vista nenhuma: os que tinham as janelas com vista, coincidência ou não, se curavam um pouco mais rápido. Também há observações que mostram como nosso cérebro desacelera na presença da natureza e baixamos os hormônios de stress. A madeira tem uma enorme importância neste contexto já que a maneira de criar conexão com a natureza, dentro de um ambiente urbano, é utilizar materiais naturais que se conectarão com o seu cérebro e promoverão aconchego, relaxamento, etc. Se você observar, a maioria dos spas utiliza pedra e madeira. Podemos até dizer que usar materiais naturais é um conceito da biofilia ao invés de simplesmente enfiar plantas aleatoriamente dentro dos ambientes.
P - Quais são as características do público que busca um empreendimento como o The Golf Village? Vocês realizaram algum tipo de pesquisa para fazer a escolha do local?
MC - É um público mais voltado para a família, cultura, educação e que busca fazer negócios com qualidade e transparência. Nós já frequentávamos a Riviera há 15 anos, estávamos acompanhando seu crescimento e vimos a oportunidade de fazer um condomínio de luxo com sustentabilidade ali. Além disso, um dos itens da certificação é a localização e a Riviera tem uma série de regulamentos sustentáveis - tratamento de água, esgoto, resíduos, etc., que se encaixavam muito bem nos pré-requisitos. Foi uma casamento perfeito.

Brise com madeira termotratada Lunawood. Foto: Rafael Renzo.
P - Você acredita que projetos como esse podem guiar a construção civil brasileira rumo a um futuro mais sustentável?
MC - Com certeza. Muitas pessoas e empresas só enxergam que é possível realizar algo quando olham que alguém conseguiu realizar e aí tomam coragem para prosseguir.
P - O que você acha que é preciso para que a sustentabilidade torne-se prioridade em obras de todos segmentos e faixas sociais?
MC - Precisa de estudo e entendimento. Grande parte das pessoas continuam sem saber o que é sustentabilidade e parte das que sabem não coloca em prática para ver quais são os reais desafios, possibilidades e resultados. É preciso entender que isso significa ter responsabilidade, ética e tem conexão direta com a nossa saúde. Quando as pessoas entenderem e visualizarem o mal que fazem para elas e para as outras, talvez tudo fique mais claro e mude mais rápido. Além disso, uma série de incentivos fiscais seria extremamente bem-vinda, pois materiais sustentáveis muitas vezes acabam sendo mais caros e perdem a chance de competir no mercado.

Arquiteta Mariana Crego. Foto: Rafael Renzo