Ilumine-se

Quando a luz se torna parte importante do ambiente, quando a claridade é o fator de definição da arquitetura e quando o espaço se torna tão ou mais importante que o decor, notamos que o design nórdico está presente na alma do projeto. Mas por que este estilo que parece tão distante de um país tropical como o Brasil ganhou tanta força?
Que tal voltarmos um pouquinho na história? Primeiro é importante conhecer o estilo. Os séculos XVIII e XIX foram marcados pela evolução industrial. Arquitetura, design e a forma de viver mudaram muito durante o período. Grupos pelo mundo lutavam para manter a valorização do trabalho artesanal, que passou a ser considerado obsoleto. E foi na região da Escandinávia que surgiu a Sociedade Sueca de Artesanato e Design Industrial, focada em evoluir em conjunto com a indústria, mas sem perder a essência do feito à mão.

Assim, a valorização de matéria-prima acessível, como a madeira e fibras naturais, além de linhas retas e simples passaram a ser a referência desses profissionais. O intuito era apresentar a sociedade um pensamento simples, que valorizasse forma e função sem perder o toque humano. Efeito que ocorre ainda hoje. Une-se a este movimento o comportamento e a forma de viver do povo daquela região, que por ser um local frio na maior parte do ano, valoriza muito a luz natural, criando na arquitetura grandes vãos e janelas que trazem o exterior para o interior.
Cores claras e a mistura de tonalidades neutras não estão ali por elegância, mas por ser a base neutra que obras de arte, artesanato e espaço de convivência necessitam. Olhar todo esse movimento que surge por volta de 1840 é necessário para entender que hoje ainda estamos nessa busca.

A evolução do comportamento e a história da humanidade carregam em si o resgate cultural. Por isso conceitos do design nórdico invadiram o mundo. Já no século XXI os motivos são acrescidos a enxurrada de informação, à vida agitada e à falta de tempo. Chegar em casa, reunir amigos e familiares passou a ser o tesouro do século. Para isso, resgata-se matérias como a madeira, as fibras naturais e tecidos encorpados que trazem esse aconchego para dentro do ambiente. Já em revestimentos, réguas longas e largas em carvalho formam a base para receber o estilo que pede menos tapete e objetos de decoração.



